O Grupo Afro Orgulho da Raça agradece a Associação Cultural Beneficente Floresta Montenegrina pela Comenda "Floresta Montenegrina 100 anos de Histórias e Memórias no Vale do Rio dos Sinos" e a parabeniza pelos 100 anos de história! Viva Floresta Montenegrina! Viva a cultura afro-brasileira! Axé!
No dia 16/09, a Escola Borges de Medeiros realizou a 12ª
Gincana Farroupilha com o tema “República das Carretas”.
O Grupo Afro se fez presente participando da abertura do
evento, com coreografia e falas baseadas na história dos Lanceiros Negros...
Conheça agora um pouco mais sobre as histórias desses bravos
heróis anônimos:
O Blog Republica Riograndense descreve a história e o
Massacre de Porongos:
O
comandante do exército farroupilha David Canabarro se encontrava no Cerro de
Porongos, em novembro de 1844, com suas tropas que formavam um efetivo de pouco
mais de mil homens, onde também se encontravam o General Netto e o comandante
Joaquim Teixeira Nunes, que comandava o Corpo de Lanceiros Negros, naquele
momento estava sendo tratada a paz no estado onde os enviados dos farrapos
negociavam com Caxias as clausulas da pacificação, e segundo os relatos havia
um acordo de cessar fogo entre os combatentes durante as negociações, acordo
que teria sido acertado entre David Canabarro e Caxias, representado por Moringue
que comandava as tropas que estavam próximas ao Cerro de Porongos.
O Corpo de Lanceiros Negros era formado por escravos que se incorporaram
voluntariamente aos farrapos em troca de uma promessa de alforria assim que a
guerra terminasse e a Republica Rio-grandense fosse reconhecida pelo Império
brasileiro, os lanceiros negros, formavam um batalhão de infantaria de primeira
linha de batalha, usavam como arma lanças de madeira, e geralmente nas batalhas
que participavam faziam a linha de frente dos combates, foram incorporados
devido a uma necessidade de recrutar soldados para as batalhas contra os
imperiais que sempre contavam com um contingente bem superior ao dos farrapos,
além de defender a republica eles sim realmente lutavam por liberdade não só a
liberdade de seu estado, mas uma liberdade própria uma liberdade pessoal, e
praticamente todos os negros que combatiam ao lado dos farrapos eram membros do
corpo de lanceiros negros que se encontravam no Cerro de Porongos, e no
decorrer da guerra passaram a serem temidos pelos imperiais pela forma que se
comportavam nos campos de batalhas e serem considerados guerreiros que lutavam
destemidamente e aterrorizavam os inimigos, mas também era um dos pontos a
serem resolvidos para o acordo de paz.
Havia
uma grande parte dos comandantes farroupilhas que era contra os negros lutarem
pelo exército farroupilha como iguais a qualquer outro soldado, entre eles o
comandante David Canabarro, e principalmente a ala de dissidentes contrária a
Bento Gonçalves, e o massacre de porongos como ficou conhecida esta batalha até
hoje é motivo de discórdias de interpretação, pois para muitos David Canabarro
traiu os farrapos e para outros ele foi ingênuo ao acreditar que os imperiais
não o atacariam durante as negociações de paz.
Na
madrugada de 14 de novembro de 1844, uma tropa de mais de mil homens comandados
por Moringue invade o acampamento farroupilha no Cerro de Porongos onde hoje é
a atual cidade de Pinheiro Machado, e ataca o exército farroupilha que estava
totalmente despreparado e desorganizado, pois não contavam com o ataque
surpresa, que iria deixar grandes baixas entre os farrapos e seria a ultima
grande e importante batalha da guerra que estava chegando ao seu fim, Alcy
Cheiuche (2010) descreve como aconteceu o ataque:
[…]
A fuzilaria estala de todos os lados. O acampamento desperta em pânico. Os
primeiros que se levantam caem mortos ou feridos. Outros se arrastam em busca
de armas. A cavalaria imperial entra a galope, pisoteando tudo. A gritaria é
infernal. Os mais valentes lutam de arma branca para salvar a vida. A maioria
dos soldados e oficiais foge em completa desordem. As lanças estão empapadas de
sangue. Saindo da carreta, o general Canabarro não perde tempo em vestir as
calças. Embora pesadão, salta em pelo no primeiro cavalo que encontra. E foge a
galope solto, sem olhar para trás. (CHEIUCHE. 2010. p. 168).
Na
batalha de porongos, os lanceiros negros, foram praticamente exterminados pelos
imperiais, pois um dia antes do ataque Canabarro havia dado uma ordem para
desarmá-los com a alegação de que poderiam fazer uma rebelião, deixando-os no
momento da batalha sem poder se defender e a ordem do comandante Moringue era
de matar todos os negros que pudessem, o saldo foi de quase duzentos farrapos
mortos e de mais de cem presos, dias após o ataque de porongos os imperiais
emitiram uma declaração e a distribuíram por todo o estado de que Canabarro
havia feito um acordo para o ataque de porongos inclusive de que desarmaria os
negros que estavam no acampamento e em troca os imperiais poupariam os
comandantes e poderiam exterminar os negros que eram um problema para a
pacificação, David Canabarro negou a traição e se declarou inocente mesmo com
os fortes indícios que existiam e alegava que tudo era uma estratégia de Caxias
para desestabilizar os farrapos e forçar a qualquer custo a rendição dos
mesmos.
DANNENBERG,
Marco. O Massacre de Porongo, disponível
em
<https://republicariograndense.wordpress.com/2013/04/03/o-massacre-de-porongos/>,
acesso em 28/09/2016.
Após
a coreografia dos Lanceiros Negros, realizamos a fala contando a história e
realizando um “paralelo” entre os antigos Lanceiros Negros e os “Lanceiros
Negros da Atualidade”.
Confira
abaixo (adaptada da Poesia Lanceiros Negros de Miguel Cimirro/Delci Oliveira):
LANCEIROS
NEGROS! 1844
Ano mil oitocentos e quarenta e quatro.
Na calada da noite, novembro, quatorze:
Cai o pano ao final do sinistro teatro
Que varreu do cenário os guerreiros de
bronze
Para que desarmar a milícia cativa
Que não tinha mais pátria, somente
patrão?
Tanta esperança e fé e a querência
adotiva
Em lugar do batismo deu-lhe a
extrema-unção.
Foi “surpresa”?... Ou “traição”?
E dormindo e sonhando morreram escravos
Em Porongos – calvário dos negros
lanceiros!
Alguns poucos restaram, famintos, feridos.
E o vento no cerro semelha gemidos.
Há uma tarja de luto num livro de história!
LANCEIROS
NEGROS! 2016
Ano dois mil e dezesseis
Ao amanhecer, setembro dezesseis
As cortinas se abrem vislumbrando
horizontes
Que traz de peito aberto, homens e
mulheres
Que com sonhos e esperanças,
Trazem a bravura e dos lanceiros a LANÇA
Conquistamos vez e voz! Num chão que
também é nosso
De fato e de direito
E nós, Cidadãos Negros, queremos todos
respeito.
É “surpresa”?... “Ou é constatação”?
E acordados e guerreiros vivemos libertos
No Brasil, no Rio Grande temos nossos
direitos!
Somos a maioria da população, que com
trabalho e competência, conquistamos esta querência.
E os ventos soprando a nosso favor.
Dos lanceiros herdamos a coragem!
Queremos gritos de felicidade e não mais
de dor.
Queremos nos livros de história:
VIVA ZUMBI! VIVA JOÂO CÂNDIDO!
VIVA OS LANCEIROS! NEGROS COMO NÓS!
VIVA! VIVA! VIVA!
Veja,
agora, na integra, em HD, a participação do Grupo Afro na abertura da 12ª Gincana
Farroupilha da Escola Borges: